Barreiras Sanitária em Itapipoca (Foto: Prefeitura de Itapipoca) |
O cenário preocupa. Os cinco municípios já somam, juntos, 4.852 casos confirmados da Covid-19. O quantitativo é 7% maior do que o registrado na última segunda-feira. Como agravante, a taxa de ocupação dos leitos está próxima do limite. Nas três cidades (Sobral, Itapipoca e Itarema) que têm UTIs dedicadas a pacientes com Covid, a taxa de ocupação está em 93,66% - em Acaraú e Camocim não há leitos de UTI.
Itapipoca um dos município em situação grave pelo grande número de casos, que já soma 1.043. Na cidade, todos os 17 leitos de UTI estão ocupados. Mesmo assim, muitos moradores seguem se aglomerando. “As pessoas não respeitam. As filas continuam grandes, os supermercados cheios. A Prefeitura barrou as entradas no município, mas ainda não vi sucesso nessa nova medida”, conta a agente de microcrédito Mirelle Dutra.
O presidente da Autarquia Municipal de Trânsito de Itapipoca (AMTI), Paulo da Mota David, admite dificuldades para conter a circulação de pessoas e veículos, já que muitos, vindos de outros municípios, se dirigem à cidade para utilizar serviços essenciais, como os bancos. “Vem gente de Amontada, Miraíma, Uruburetama”, exemplifica.
Com 25 agentes trabalhando por escala, David admite as dificuldades. “É insignificante o número porque fazemos (fiscalização) a noite”, pontua. Outro problema é que a cidade é cortada pela BR-402, que liga o Ceará aos estados de Piauí e Maranhão. “Não podemos ser arbitrários e impedir o cidadão que passa de uma cidade para outra”, pondera David. Os agentes têm orientado para não circularem nas vias municipais.
Para tentar conter o fluxo, Itapipoca adotou um rodízio de veículos a partir do número final da placa. “Em dias ímpares só circulam os que têm placas ímpar. Em dias pares, apenas final com número par”, explica David. A regra não é aplicada para quem presta serviços essenciais ou veículos de quem tem permissão para trabalhar.
Já em Camocim, no extremo Norte cearense, a própria coordenadora de atenção básica do Município, Ana Cristina Bernardino, observa que parte da população descumpre as medidas de isolamento social. “A população não está consciente do que está ocorrendo e precisamos da ajuda dos moradores”, pontuou. “As pessoas saem para fazer compras”, completa.
Apesar da gestão municipal afirmar que vem adotando medidas desde o início da pandemia, uma enfermeira que trabalha em uma unidade básica de saúde e pediu para não ser identificada disse que as medidas preventivas foram adotadas tardiamente. “Fazemos limite com Jijoca de Jericoacara e o fluxo de turismo estava intenso com a praia de Tatajuba, onde os casos de Covid-19 começaram”, pontuou. “Até hoje não há barreira nessa área”. O município, que não tem UTI, já registra 11 óbitos pela Covid.
O contrário
A cidade de Itarema é a única onde as medidas parecem estar sendo cumpridas. O empresário Marcos Maia relata que houve uma “pequena mudança no fluxo de pessoas” no centro da cidade em relação à semana passada, quando ainda não havia sido estabelecido o lockdown. A secretária de Saúde do Município, Ana Paula Praciano, corrobora. “Nesses últimos dois dias, houve uma redução do número de pessoas nas ruas”.
Fonte: Diário do Nordeste