Foto: Helene Santos |
Realizada por um grupo de cientistas da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (USP), uma pesquisa vai começar a fase clínica de testagem do antiviral fumarato de tenofovir desoproxila contra a Covid-19 em pacientes do Hospital São José (HSJ) em Fortaleza.
Apesar de não fazer parte da lista de drogas selecionadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para testes em larga escala no mundo, o tenofovir foi testado em laboratório e obteve sucesso no combate ao novo coronavírus. A substância já é usada no tratamento da Aids.
Segundo Érico Arruda, infectologista do HSJ, o Hospital é único a funcionar como campo de testagem, inicialmente. Cerca de 100 pacientes com sintomas leves e moderados devem receber o antiviral em duas ou três semanas. “É uma perspectiva otimista. Estamos na fase final de elaboração da pesquisa. O início da fase clínica depende da aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep)”, explica o também coordenador clínico do HSJ.
Conforme o infectologista, também há o envolvimento da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde serão feitas boa parte das análises laboratoriais dos pacientes no Estado. “A estrutura do banco de dados e de análise estatísticas serão feitas pelo professor lá”.
De acordo com o infectologista Érico Arrruda, ainda, será testado tanto o tenofovir sozinho quanto em combinação com outras substâncias. O público será pacientes com sintomas leves e moderados. “Vamos iniciar o medicamento antes de complicações com o objetivo de acompanhar se é possível diminuir os sintomas da covid-19”.
Pesquisa
Integrante do grupo de pesquisa da USP em Ribeirão Preto (SP), o cientista Norberto Lopes, do Núcleo de Apoio a Pesquisa em Produtos Naturais e Sintéticos (NPPNS), pontua que “ainda estamos estudando o mecanismo de ação. O que temos são estudos computacionais que mostraram o tenofovir interage com a enzima RNA do Sars-Cov-2. Esse já é considerado um provável mecanismo de ação”.
Sobre os efeitos colaterais, Norberto explica que, pelo medicamento já ser usado no país no combate à Aids, “eles já estão previstos na bula. A substância tem uma segurança boa, o que permite o avanço na área clínica”.
Outro ponto que o pesquisador analisa é o acesso ao medicamento. “A grande vantagem dessa pesquisa que estamos trabalhando é que as pesquisas realizadas aqui na faculdade foram de produção 100% nacional. Então já é um ponto importante”, afirma.
Procurada para mais detalhes, a assessoria do Hospital São José informou que a Unidade ainda está verificando as informações sobre a aplicação da pesquisa no local. Já a UFC redirecionou o pedido também para o HSJ.
Fonte: Diário do Nordeste