Foto: Helene Santos |
Os alunos do ensino infantil da rede particular ou matriculados em atividades extracurriculares, como cursos de idiomas, artes ou de informática, além dos participantes de estágios, voltam às atividades presenciais a partir de amanhã (1º). Esse retorno está previsto no decreto estadual número 33.730, publicado no último sábado (29), válido para a Capital, Região Metropolitana e municípios vizinhos que formam a região de saúde de Fortaleza, cinco meses após a suspensão das aulas presenciais em decorrência da pandemia. Com isso, além do material escolar já conhecido, os estudantes devem conviver com o uso de máscaras, álcool em gel, aferição da temperatura na entrada das unidades de ensino, distanciamento das cadeiras e redução na quantidade de membros por turma.
As salas de aulas que recebem crianças no ensino regular podem funcionar com até 30% da capacidade neste período. Ainda não foi definido quando os estudantes de escolas públicas retomam as aulas.
Já as atividades extracurriculares podem voltar em sua integralidade. No ensino superior, apenas as aulas práticas e os estágios foram liberados completamente.
Serviços de apoio à educação, como transporte escolar, aplicação de testes vocacionais e avaliações educacionais também podem ser retomados com 100% de sua capacidade. As cantinas ficam de fora dessa lista e, portanto, seguem fechadas. No entanto, as bibliotecas e os arquivos estão livres para funcionar com até 35% da capacidade de usuários.
O Estado deve manter comunicação com as empresas privadas de transporte escolar para acompanhar o cumprimento das normas e notificar casos suspeitos e confirmados dos usuários. O novo decreto traz a necessidade de orientação aos profissionais e alunos quanto às recomendações de prevenção no transporte residência-instituição.
"Para os que fazem uso de transporte escolar e ou coletivo, recomenda-se atentar para redução do número de pessoas por veículo, para o distanciamento obrigatório, o uso de máscara, a desinfecção do transporte e cumprimento das medidas de higiene estabelecidas no Protocolo Setorial 10", detalha o documento. Entre os procedimentos listados está a desinfecção dos veículos, no mínimo, três vezes ao dia e limitar a ocupação sem exceder a capacidade de passageiros sentados.
Expectativa
Com a falta de informações adaptadas para as crianças em idade escolar, e ciente da relevância deste conhecimento, o fisioterapeuta Sérgio Soares, 38, resolveu criar um guia com ilustrações para ensinar ao filho os procedimentos para evitar o contágio pelo novo coronavírus.
"Na escola, de vez em quando, eles falam que é importante usar máscara e álcool, mas não se fornece material didático que ensine de forma mais lúdica para que ele (o aluno) pudesse entender", explica o pai de Pedro, de oito anos, matriculado em uma escola particular no Infantil V.
Ele reforça com desenhos as recomendações básicas de não compartilhar objetos, manter o distanciamento, higienização das mãos e não tirar a máscara mesmo ao espirrar. Com a redução das taxas de contágio, Sérgio se sente tranquilo - "minha esposa nem tanto", pondera, mas reconhece a importância de que o filho acompanhe as aulas com os professores.
"Eu prefiro que ele volte o mais rápido para a escola porque já começa a escrever, desenvolver as letras, e o professor tem as técnicas que a gente não tem. Até pela sociabilização que é superimportante", acrescenta.
Apesar de o decreto também permitir o retorno de atividades presenciais nos reforços escolares, o empresário Alexandre Sales ainda não sabe quando isso irá ocorrer em seu estabelecimento. Isso porque foi permitida apenas a retomada da educação infantil, faixa etária para a qual seu negócio não disponibiliza serviços. Enquanto não há a volta de todos os estudantes, o reforço localizado no Bairro de Fátima já foi adaptado para a nova realidade sanitária.
"A gente já fez toda uma preparação porque trabalhamos num sistema de cabines individualizadas. Foi adicionada agora uma barreira de acrílico fixa. Não é algo que se vai tirar depois da pandemia porque provavelmente outros vírus virão. Já temos um totem com água e um sensor para que os alunos não toquem em nenhum botão a mais para abrir a porta", enumera Alexandre.
Outra ação pensada para o retorno das atividades presenciais no reforço é voltada para a hora da saída. Antes da Covid, era comum crianças e adolescentes ficarem conversando entre si enquanto os pais não chegavam para buscá-los. "É um local que a gente vai ter que tomar um cuidado a mais. Por isso, nessa área vai ter um distanciamento marcado como tem nos shoppings", exemplifica.
Saúde
Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) informou que o retorno às aulas presenciais ocorrerá por fases a partir de análise e definição do Comitê do Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas e Comportamentais. Conforme a Pasta, "os critérios de retorno e monitoramento seguirão as recomendações do decreto estadual, assim como ocorre em relação às outras atividades", completa a nota.
A Secretaria da Saúde ainda acrescentou que realizou treinamento de representantes de instituições de ensino particular, na última sexta-feira (28), para coleta dos exames que serão realizados pelas próprias escolas.
Foram fornecidos "insumos (kits de testes para Covid-19) e equipamentos de proteção individual para essas instituições". Segundo a Sesa, mais de 2,5 mil trabalhadores da rede privada em Fortaleza já realizaram teste para a doença.
O Diário do Nordeste tentou contatar o Sindicato de Autoescolas do Estado do Ceará (Sindfcfc's), o Sindicato de Transportadores de Escolares do Ceará (Setrece) e o Sindicato de Estabelecimentos de Educação e Ensino da Livre Iniciativa (Sinepe) a fim de entender como será o retorno e o que vem sendo feito pelas entidades com relação à prevenção ao coronavírus, mas não houve resposta até a conclusão da reportagem.